sábado, 17 de julho de 2021

A origem da Fundação de Bagé

Para chegarmos à origem da fundação de Bagé, temos que estar situados no que realmente aconteceu nesta região.
No ano de 1811, as províncias que constituíam o antigo Vice-Reinado do Prata trataram de proclamar sua independência. Era o chamado movimento de independência da Espanha.
O governador de Montevidéu, no entanto, manteve-se fiel à Espanha e não aceitava a independência. Devido a sua decisão, Montevidéu foi cercada por forças de Buenos Aires e de orientais (uruguaios) liderados por Artigas.
Para se prevenir de uma possível invasão da Capitania do Rio Grande de São Pedro, Portugal organizou o Exército de Observação na Capitania do Rio Grande do Sul, ao comando de Dom Diogo de Souza. A concentração inicial do Exército de Observação foi feita na região de Bagé, ao comando do Marechal de Cavalaria Manoel Marquês de Souza, comandante da Fronteira do Rio Grande e também no acampamento São Diogo, junto ao rio Inhaduí próximo de Alegrete, ao comando do Marechal de Infantaria Joaquim Xavier Curado, comandante da Fronteira do Rio Pardo. De lá saiu para São Borja, ao comando do Coronel João de Deus Menna Barreto, um grupamento de forças.
Em maio de 1811, o governador de Montevidéu, sitiado pelo argentino Rondeau e por tropas orientais de Gervásio Artigas, solicitou socorro a Dom João VI, cunhado do rei D. Fernandes da Espanha.
Dom João, então, determinou a invasão da Banda Oriental (atual Uruguai) pelo Exército de Observação, agora transformado em Exército de Pacificação da Banda Oriental.
Nesse meio tempo, foi feito o acampamento de Bagé, por determinação de Dom Diogo de Souza. Coube então ao Marechal Marques de Souza a escolha do local estratégico, próximo aos cerros de Bagé. Neste acampamento foram construídos hospital, capela, oficinas e armazéns.
Dom Diogo de Souza ordenou que todas as forças da Capitania se concentrassem no acampamento de Bagé. Deixou uma pequena força de cobertura em São Borja, ao longo das fronteiras. De janeiro a julho o acampamento virou uma espécie de quartel general do exército português.
Então em 17 de julho de 1811, o Exército Pacificador rumou do acampamento de Bagé para o rio Jaguarão em direção a Banda Oriental.
Em 23 de julho, o Marechal Marquês de Souza invadiu o Uruguai e tomou posse de Cerro Largo (atual Mello).
Em 5 de setembro, Marques de Souza, à frente de 300 cavalarianos, apossou-se da Fortaleza de Santa Teresa, no Uruguai, abandonada pelo inimigo.
Em 3 de outubro, o Exército Pacificador retomou sua marcha. Em 11 dias de marcha forçada, atingiu Maldonado, sem que o inimigo tentasse qualquer reação sobre as desguarnecidas fronteiras do Rio Grande.
Em 14 de outubro, o governador de Montevidéu mandou aviso a Dom Diogo, pedindo que recolhesse para o Rio Grande o Exército Pacificador, em razão de haver feito um acordo com os argentinos e orientais, por imposição de interesses britânicos. Rondeau retirou-se para Buenos Aires, e Artigas para Entre-Rios.
Diante das ameaças que continuaram por parte de Artigas e seus seguidores, Dom Diogo de Souza destacou de Maldonado para o acampamento de São Diogo, em fins de dezembro de 1811, os regimentos de Dragões e de Milícias de Rio Pardo, ao comando do Coronel Thomaz da Costa.
Chegando a Paissandu, Dom Diogo de Souza entrincheirou o seu Exército, sendo que suas forças tiveram que enfrentar diversas guerrilhas de Artigas.
Em 10 de junho de 1812, Dom Diogo de Souza, estava em Paissandu, quando recebeu ordens de D. João VI para retirar-se da Banda Oriental, em razão de um armistício (acordo). Em 12 de setembro de 1812, o Exército Pacificador, em duas colunas, marchou novamente para Bagé.
Em consequência destes acontecimentos, Dom Diogo de Souza foi agraciado com o título de Conde de Rio Pardo e Bagé foi fundada sem precisar ter existido guerra alguma.

Parabéns Bagé - 210 anos


Por: Diones Franchi
Jornalista e mestre em história

Fontes:

Taborda, Tarcísio. Bagé de ontem e de hoje, 2015.
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – A Campanha do Exército Pacificador da Banda Oriental – 1811-12

Dom Diogo de Souza

Foto antiga de Bagé - Praça da Matriz


quinta-feira, 5 de abril de 2018

Lista de Prefeitos Municipais de Bagé - RS



Prefeito
Período


Antônio Xavier de Azambuja
1893-1897
José Octavio Gonçalves
1897-1905
Augusto Lúcio de Figueiredo Teixeira
1905-1909
Juvêncio Maximiliano Lemos
1909-1910
José Octavio Gonçalves
1910-1913
José Manoel Rodrigues
1913-1913
Tupy Silveira
1914-1925
Carlos Cavalcanti Mangabeira
1925-1929
José Bernardo de Medeiros Junior
1929-1929
José Gomes ferreira
1929-1930
Juvêncio Maximiliano Lemos
1930-1932
Gervásio Rodrigues
1932-1935
Luis Mércio Teixeira
1935-1942
Jerônimo Mércio Teixeira
1942-1945
Mário Araújo
1945-1946
Gil de Souza
1946-1947
Carlos Kluwe
1948-1951
João Batista Fico
1952-1954
Frederico Petrucci
1954-1955
Hugo Almeida Souza
1956-1959
Abib Ieffet
1959-1959
João Batista Fico
1960-1963
Luiz Maria Ferraz
1964-1964
José Wilson Barcellos
1964-1969
Washington Bandeira
1969-1971
Antônio Pires
1971-1975
Carlo Mário Mércio Silveira
1975-1975
Camilo Moreira
1975-1978
Luiz Simão Kalil
1978-1979
Carlos Sá Azambuja
1979-1983
Carlos Sá Azambuja
1984-1985
Luiz Alberto Vargas
1986-1988
Luiz Simão Kalil
1989-1992
Luiz Alberto Vargas
1993-1996
Carlos Sá Azambuja
1997-2000
Luiz Fernando Mainardi
2001-2004
Luiz Fernando Mainardi
2005-2008
Dudu Colombo
2009-2012
Dudu Colombo
2013-2016
Divaldo Lara
2017-2020


Fonte:
Arquivo NPHTT
Por: Diones Franchi

Palestra - Rafael Pinto Bandeira e os Lanceiros Negros


quinta-feira, 28 de setembro de 2017

NPHTT realiza palestra "Origem dos Ritmos Gaúchos"


NPHTT realiza doação de livros para Biblioteca da Urcamp

A Biblioteca da Urcamp recebeu nesta semana do Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda uma doação de livros que relatam a história do município. Na ocasião o Secretário do Núcleo de Pesquisas Históricas Diones Franchi, entregou a bibliotecária da Urcamp Bartira Taborda, 10 volumes do acervo da entidade.

Livros doados:

Bagé Fatos e Personalidades – Mário Lopes
Escritores Bageenses - Élida Hernandez Garcia
Poesias – Com alma e sentimento de coração – Angelino Varella
Comemoração do Sesquicentenário de nascimento de João Nunes da Silva Tavares (Joca Tavares) – Barão de Itaqui
A abolição da Escravidão em Bagé - Tarcísio Taborda


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A Palanca de Pedra - O Marco de Reconhecimento da Fronteira do Império


Por: Cássio Lopes

Assim como no poema de Carlos Drummond de Andrade, temos, em nossa cidade, uma pedra na esquina da avenida General Osório com a rua Dr. Penna, que, além de despertar a curiosidade, transformou-se num mistério ao longo dos anos.
Bagé ainda era uma vila e, já na primeira metade do Século XIX, ocorreram quatro estremecimentos e conflitos internacionais que a atingiram: em 1801, a tomada pelos portugueses de boa parte do Rio Grande do Sul que, pelo Tratado de Santo Ildefonso (1777), era ocupado pelos espanhóis; entre 1811/1812, a intervenção de Dom Diogo de Souza na Banda Oriental, inserindo-se, aqui, a fundação de Bagé (17 de julho de 1811); entre 1816/1820, as campanhas contra José Gervásio Artigas e, culminando, entre 1825/1828, com a Guerra Cisplatina e, nela, a invasão argentina no Brasil. Sem contar os graves reflexos advindos da chamada ‘Guerra Grande’, no Uruguai, entre 1843/1851, que irá findar depois de Oribe refugiar-se em Buenos Aires e os brasileiros aliarem-se aos ‘colorados’.
O Império brasileiro além de marcar seu território, por estratégia política e militar, deveria cercar-se dos meios de proteger sua população, embora, desde 1819, a fronteira estivesse estabelecida para com a Banda Oriental e ajustada em vários momentos seguintes até 1862, com a colocação do último marco na dita ‘Ilha Brasileira’ no rio Uruguai.
Referimo-nos à medição de limites com o Uruguai, para que não se confunda com o reconhecimento de território. É que, em 20 de novembro de 1848, o Ministério dos Negócios do Império, através de José da Costa Carvalho (o Visconde de Mont’alegre), manda Cândido Baptista de Oliveira, gaúcho nascido em Porto Alegre, proceder “...ao reconhecimento topográfico dos mais importantes pontos da fronteira da Província de São Pedro entre o oceano e o Rio Uruguai...”. No mesmo momento, nomeado o capitão-tenente da Marinha, Joaquim Raymundo Delamare (ou de Lamare), para auxiliá-lo na tarefa.
Por meio de observações astronômicas passaram a realizar medições para acharem as coordenadas médias dessa vila, assim como fizeram noutros pontos da província. Esses observadores vieram de Jaguarão, atravessando as coxilhas, rios e arroios.
Tendo Cândido Oliveira escrito uma obra em forma de "memória" que intitulou “Reconhecimento topográfico da fronteira do Império, na Província de S. Pedro”, editada no Rio de Janeiro em 1850, ali registrou: “Em um local mui próximo da Igreja Matriz de Bagé, fizeram-se as observações precisas para determinar a posição geográfica da vila”. O conselheiro Cândido Oliveira e sua comissão de observação ficaram na nossa vila até 10 de março de 1849, quando saiu “escoltado por seis praças do 2º Regimento de Cavalaria, sob o comando do tenente Antero de Oliveira Fagundes... com destino à Vila de S. Gabriel...”.
O tenente-coronel Manoel Luis Osório, nesse ano, no lugar ‘Tapera de Trilha’, em São Gabriel, não só soube do propósito do conselheiro do Império, como lhe forneceu os meios logísticos para seguir viagem. A história ainda dirá que os dois foram amigos cordiais, a ponto de Osório, em 1859, na viagem à capital do Império, Rio de Janeiro, hospedar-se em sua casa.

Palanca de Pedra - Bagé - RS - Brasil

Dita comissão de reconhecimento da fronteira do Império, chegou a Bagé no dia 6 de março de 1849. Após também visitar Cachoeira, Rio Pardo e Triunfo, chega a Porto Alegre, onde dá por encerrado o intento sem alcançar o objetivo maior, que era traçar os pontos geográficos até o rio Uruguai, no extremo oeste desta província, como a seguir transcrevemos.
No mesmo apontamento de sua obra, Cândido Oliveira confessa: “Não havendo prosseguido no reconhecimento topográfico da fronteira, além da Vila de Bagé, pelos motivos expostos ao Excelentíssimo senhor ministro dos Negócios do Império; devo por aqui termo a primeira parte da presente memória". Datado de 10 de janeiro de 1850, o documento é endereçado ao mesmo Ministério dos Negócios do Império, na pessoa de José da Costa Carvalho, o Visconde de Mont’alegre, que outrora lhe deu essa missão:
“Pela leitura desta memória será V. Ex. circunstanciadamente informado acerca do que diz respeito à parte da fronteira, que vai do Oceano até as cabeceiras do Rio Negro, na vizinhança da Vila de Bagé: não havendo eu prosseguido no reconhecimento da outra parte da dita fronteira, que termina no Uruguai [o rio], em razão de não me chegarem a tempo as ordens, que esperava da Repartição da Guerra, para que o presidente da Província de S. Pedro me prestasse os auxílios de que carecia, para levar a efeito esse desígnio, visto haver-se ele negado a satisfazer as requisições que lhe fizera a tal respeito, como em tempo competente informei a vossa excelência”.
O tenente-coronel Osório, como frisamos, amigo do Conselheiro Cândido Oliveira, fora deputado provincial eleito em 1846. Além de militar, portanto, é sabedor das necessidades estratégicas da província e, quando reescalado de São Gabriel para Bagé, em julho de 1850, com seu regimento, confronta-se com uma situação geral de pé de guerra. Em Bagé, dito regimento de Osório, ficaria até 28 de março de 1851, quando então retorna a São Gabriel.
Porém, não devemos esquecer as “Califórnias de Chico Pedro”, apelido de Francisco Pedro de Abreu, o ‘Barão do Jacuí’, o mesmo “Moringue” da Revolução Farroupilha, que em 26 de dezembro de 1849 conclamou uma reação àquela ameaça fronteiriça, findada em abril de 1850. Osório, por sua vez, tinha saído ao encalce de Chico Pedro e seus apoiadores na fronteira de Bagé até o acordo com o novo presidente da Província de São Pedro, José Antônio Pimenta Bueno, que em 7 de maio de 1850 comunicou a pacificação às demais províncias do Império.
Não encontramos ocasião mais propícia ao assentamento do marco de pedra, senão nesse período de Osório em Bagé, compreendido entre julho de 1850 e março de 1851, em homenagem ao amigo Conselheiro Cândido Baptista de Oliveira ou atendendo a sugestão, justamente ali onde os trabalhos de reconhecimento da fronteira do Império foram suspensos, já que tomaram o retorno sem ultrapassar o rio Negro.
Passados tão somente três anos dessa visita científica à Bagé, o Império do Brasil atingia seu apogeu, coincidindo com a valorosa Batalha dos Santos Lugares ou Monte Caseros, nos arredores de Buenos Aires, em 3 de fevereiro de 1852, fato que pôs fim à guerra contra Oribe e Rosas, permitindo ao Uruguai e Argentina livrarem-se dos dois ditadores.
Os comentários acima são importantes, já que entre o término das “Califórnias” de Chico Pedro e essa marcha internacional contra Oribe e Rosas, encontra-se em Bagé o ambiente oportuno para erguer-se dito marco de pedra, ou melhor dizendo: "O Marco Desconhecido do Reconhecimento da Fronteira do Império", como abordamos no livro A Rainha da Fronteira- Fragmentos da História de Bagé. Talvez mais uma façanha do já legendário Manoel Luís Osório.

*Coautoria deste texto: Edgard Lopes Lucas
Livro: Rainha da Fronteira - Fragmentos da História de Bagé, 2015
Artigos publicado no Jornal Folha do Sul - Bagé - RS em 9.07.2016 e 16.07.2017

A Ponte Seca de Bagé

Por: Diones Franchi

A Ponte Seca de Bagé foi projetada por Eugênio Oberst, sendo que a execução de sua obra foi feita por seu filho Carlos Frederico Salton Oberst. Teriam sido utilizadas cerca de três cargas de carroça repleta de parafusos. Esta obra foi concluída em 1897 em decorrência da inauguração do trecho da estrada de ferro de Bagé - São Sebastião.
No dia 2 de dezembro de 1884 foi inaugurada a linha de Rio Grande- Bagé, sendo que havia linha diariamente, exceto aos domingos. Mais tarde o trecho Bagé - São Sebastião seria inaugurado  em 20 de janeiro de 1897.
O nome Ponte Seca se deve pelo fato de ser uma das únicas pontes da região na época, onde abaixo era uma estrada sem corrente fluvial.
Nas segundas, quartas e sextas corria um trem de ida e volta neste trecho que percorria a Ponte Seca.

Fontes:

Arquivo Público Municipal de Bagé - RS
Arquivo do Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda


Ponte Seca - Bagé - RS