quinta-feira, 28 de setembro de 2017

NPHTT realiza palestra "Origem dos Ritmos Gaúchos"


NPHTT realiza doação de livros para Biblioteca da Urcamp

A Biblioteca da Urcamp recebeu nesta semana do Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda uma doação de livros que relatam a história do município. Na ocasião o Secretário do Núcleo de Pesquisas Históricas Diones Franchi, entregou a bibliotecária da Urcamp Bartira Taborda, 10 volumes do acervo da entidade.

Livros doados:

Bagé Fatos e Personalidades – Mário Lopes
Escritores Bageenses - Élida Hernandez Garcia
Poesias – Com alma e sentimento de coração – Angelino Varella
Comemoração do Sesquicentenário de nascimento de João Nunes da Silva Tavares (Joca Tavares) – Barão de Itaqui
A abolição da Escravidão em Bagé - Tarcísio Taborda


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A Palanca de Pedra - O Marco de Reconhecimento da Fronteira do Império


Por: Cássio Lopes

Assim como no poema de Carlos Drummond de Andrade, temos, em nossa cidade, uma pedra na esquina da avenida General Osório com a rua Dr. Penna, que, além de despertar a curiosidade, transformou-se num mistério ao longo dos anos.
Bagé ainda era uma vila e, já na primeira metade do Século XIX, ocorreram quatro estremecimentos e conflitos internacionais que a atingiram: em 1801, a tomada pelos portugueses de boa parte do Rio Grande do Sul que, pelo Tratado de Santo Ildefonso (1777), era ocupado pelos espanhóis; entre 1811/1812, a intervenção de Dom Diogo de Souza na Banda Oriental, inserindo-se, aqui, a fundação de Bagé (17 de julho de 1811); entre 1816/1820, as campanhas contra José Gervásio Artigas e, culminando, entre 1825/1828, com a Guerra Cisplatina e, nela, a invasão argentina no Brasil. Sem contar os graves reflexos advindos da chamada ‘Guerra Grande’, no Uruguai, entre 1843/1851, que irá findar depois de Oribe refugiar-se em Buenos Aires e os brasileiros aliarem-se aos ‘colorados’.
O Império brasileiro além de marcar seu território, por estratégia política e militar, deveria cercar-se dos meios de proteger sua população, embora, desde 1819, a fronteira estivesse estabelecida para com a Banda Oriental e ajustada em vários momentos seguintes até 1862, com a colocação do último marco na dita ‘Ilha Brasileira’ no rio Uruguai.
Referimo-nos à medição de limites com o Uruguai, para que não se confunda com o reconhecimento de território. É que, em 20 de novembro de 1848, o Ministério dos Negócios do Império, através de José da Costa Carvalho (o Visconde de Mont’alegre), manda Cândido Baptista de Oliveira, gaúcho nascido em Porto Alegre, proceder “...ao reconhecimento topográfico dos mais importantes pontos da fronteira da Província de São Pedro entre o oceano e o Rio Uruguai...”. No mesmo momento, nomeado o capitão-tenente da Marinha, Joaquim Raymundo Delamare (ou de Lamare), para auxiliá-lo na tarefa.
Por meio de observações astronômicas passaram a realizar medições para acharem as coordenadas médias dessa vila, assim como fizeram noutros pontos da província. Esses observadores vieram de Jaguarão, atravessando as coxilhas, rios e arroios.
Tendo Cândido Oliveira escrito uma obra em forma de "memória" que intitulou “Reconhecimento topográfico da fronteira do Império, na Província de S. Pedro”, editada no Rio de Janeiro em 1850, ali registrou: “Em um local mui próximo da Igreja Matriz de Bagé, fizeram-se as observações precisas para determinar a posição geográfica da vila”. O conselheiro Cândido Oliveira e sua comissão de observação ficaram na nossa vila até 10 de março de 1849, quando saiu “escoltado por seis praças do 2º Regimento de Cavalaria, sob o comando do tenente Antero de Oliveira Fagundes... com destino à Vila de S. Gabriel...”.
O tenente-coronel Manoel Luis Osório, nesse ano, no lugar ‘Tapera de Trilha’, em São Gabriel, não só soube do propósito do conselheiro do Império, como lhe forneceu os meios logísticos para seguir viagem. A história ainda dirá que os dois foram amigos cordiais, a ponto de Osório, em 1859, na viagem à capital do Império, Rio de Janeiro, hospedar-se em sua casa.

Palanca de Pedra - Bagé - RS - Brasil

Dita comissão de reconhecimento da fronteira do Império, chegou a Bagé no dia 6 de março de 1849. Após também visitar Cachoeira, Rio Pardo e Triunfo, chega a Porto Alegre, onde dá por encerrado o intento sem alcançar o objetivo maior, que era traçar os pontos geográficos até o rio Uruguai, no extremo oeste desta província, como a seguir transcrevemos.
No mesmo apontamento de sua obra, Cândido Oliveira confessa: “Não havendo prosseguido no reconhecimento topográfico da fronteira, além da Vila de Bagé, pelos motivos expostos ao Excelentíssimo senhor ministro dos Negócios do Império; devo por aqui termo a primeira parte da presente memória". Datado de 10 de janeiro de 1850, o documento é endereçado ao mesmo Ministério dos Negócios do Império, na pessoa de José da Costa Carvalho, o Visconde de Mont’alegre, que outrora lhe deu essa missão:
“Pela leitura desta memória será V. Ex. circunstanciadamente informado acerca do que diz respeito à parte da fronteira, que vai do Oceano até as cabeceiras do Rio Negro, na vizinhança da Vila de Bagé: não havendo eu prosseguido no reconhecimento da outra parte da dita fronteira, que termina no Uruguai [o rio], em razão de não me chegarem a tempo as ordens, que esperava da Repartição da Guerra, para que o presidente da Província de S. Pedro me prestasse os auxílios de que carecia, para levar a efeito esse desígnio, visto haver-se ele negado a satisfazer as requisições que lhe fizera a tal respeito, como em tempo competente informei a vossa excelência”.
O tenente-coronel Osório, como frisamos, amigo do Conselheiro Cândido Oliveira, fora deputado provincial eleito em 1846. Além de militar, portanto, é sabedor das necessidades estratégicas da província e, quando reescalado de São Gabriel para Bagé, em julho de 1850, com seu regimento, confronta-se com uma situação geral de pé de guerra. Em Bagé, dito regimento de Osório, ficaria até 28 de março de 1851, quando então retorna a São Gabriel.
Porém, não devemos esquecer as “Califórnias de Chico Pedro”, apelido de Francisco Pedro de Abreu, o ‘Barão do Jacuí’, o mesmo “Moringue” da Revolução Farroupilha, que em 26 de dezembro de 1849 conclamou uma reação àquela ameaça fronteiriça, findada em abril de 1850. Osório, por sua vez, tinha saído ao encalce de Chico Pedro e seus apoiadores na fronteira de Bagé até o acordo com o novo presidente da Província de São Pedro, José Antônio Pimenta Bueno, que em 7 de maio de 1850 comunicou a pacificação às demais províncias do Império.
Não encontramos ocasião mais propícia ao assentamento do marco de pedra, senão nesse período de Osório em Bagé, compreendido entre julho de 1850 e março de 1851, em homenagem ao amigo Conselheiro Cândido Baptista de Oliveira ou atendendo a sugestão, justamente ali onde os trabalhos de reconhecimento da fronteira do Império foram suspensos, já que tomaram o retorno sem ultrapassar o rio Negro.
Passados tão somente três anos dessa visita científica à Bagé, o Império do Brasil atingia seu apogeu, coincidindo com a valorosa Batalha dos Santos Lugares ou Monte Caseros, nos arredores de Buenos Aires, em 3 de fevereiro de 1852, fato que pôs fim à guerra contra Oribe e Rosas, permitindo ao Uruguai e Argentina livrarem-se dos dois ditadores.
Os comentários acima são importantes, já que entre o término das “Califórnias” de Chico Pedro e essa marcha internacional contra Oribe e Rosas, encontra-se em Bagé o ambiente oportuno para erguer-se dito marco de pedra, ou melhor dizendo: "O Marco Desconhecido do Reconhecimento da Fronteira do Império", como abordamos no livro A Rainha da Fronteira- Fragmentos da História de Bagé. Talvez mais uma façanha do já legendário Manoel Luís Osório.

*Coautoria deste texto: Edgard Lopes Lucas
Livro: Rainha da Fronteira - Fragmentos da História de Bagé, 2015
Artigos publicado no Jornal Folha do Sul - Bagé - RS em 9.07.2016 e 16.07.2017

A Ponte Seca de Bagé

Por: Diones Franchi

A Ponte Seca de Bagé foi projetada por Eugênio Oberst, sendo que a execução de sua obra foi feita por seu filho Carlos Frederico Salton Oberst. Teriam sido utilizadas cerca de três cargas de carroça repleta de parafusos. Esta obra foi concluída em 1897 em decorrência da inauguração do trecho da estrada de ferro de Bagé - São Sebastião.
No dia 2 de dezembro de 1884 foi inaugurada a linha de Rio Grande- Bagé, sendo que havia linha diariamente, exceto aos domingos. Mais tarde o trecho Bagé - São Sebastião seria inaugurado  em 20 de janeiro de 1897.
O nome Ponte Seca se deve pelo fato de ser uma das únicas pontes da região na época, onde abaixo era uma estrada sem corrente fluvial.
Nas segundas, quartas e sextas corria um trem de ida e volta neste trecho que percorria a Ponte Seca.

Fontes:

Arquivo Público Municipal de Bagé - RS
Arquivo do Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda


Ponte Seca - Bagé - RS

A História da Câmara de Vereadores de Bagé

Por: Diones Franchi

A história da Câmara de Vereadores de Bagé tem suas origens no século XIX durante o período da monarquia. Foi no dia 2 de fevereiro de 1847 que ocorreu a instalação do município de Bagé com a realização da posse dos primeiros vereadores eleitos. A partir daí houve a preocupação da Casa legislativa em adquirir um prédio próprio. Sendo assim a primeira Câmara de Vereadores de Bagé denominada na época de Conselho Municipal, funcionou em prédio alugado de propriedade de Antônio José da Silva Maia. Ficou decidido que seria um local temporário, pois o prédio era muito precário e sem condições para os trabalhos permanentes. Na reunião de 27 de junho de 1848, a Câmara alugou um novo prédio de propriedade de João Antônio Cirne, primeiro historiador de Bagé e secretario da Câmara. Em 23 de abril de 1849, este prédio foi comprado pela Câmara Municipal de Bagé, através do presidente Antônio Jacintho Pereira, para as sessões do Conselho, trabalhos eleitorais e judiciários. A primeira Câmara Municipal com prédio próprio era localizada no canto direito da Praça da Matriz, ao lado da Catedral de São Sebastião. Um fato interessante que durante o Império, por ser um regime parlamentarista, o presidente da Câmara, conhecido como Conselho Municipal, tinha também funções executivas, acumulando dois poderes.
O primeiro prédio da Câmara funcionou de 1849 até 1899, durante 50 anos, está primeira casa abrigou todas as autoridades do município (Executivo, Legislativo, Judiciário e eleitoral).
A partir da constituição republicana de 1891, surgia a autonomia municipal e a definição da receita, tendo o município liberdade em sua aplicação. Com isso o intendente municipal José Octavio Gonçalves iniciou o projeto para criação do Paço Municipal, que é a sede do governo no município. O local escolhido para abrigar a prefeitura de Bagé e os vereadores seria na Rua General Osório, esquina com a General Neto. A inauguração do prédio ocorreu em 24 de fevereiro de 1900, ocorrendo à mudança da casa legislativa bageense para o Salão Nobre da Prefeitura. Os vereadores se reuniam no Salão Nobre da Prefeitura durante 30 anos ininterruptos no período de 1900 até 1930.
Com o surgimento da primeira ditadura de Vargas, o legislativo encerrou suas funções até o surgimento da Constituição de 29 de junho de 1935, que transformou a denominação “Conselho Municipal” para a denominação de “Câmara Municipal”.
A Câmara de Vereadores seria novamente dissolvida no dia 10 de novembro de 1937, quando era anunciado em cadeia de rádio pelo presidente Getúlio Vargas o inicio do Estado Novo.
Após a Constituição de 1946, foram reestabelecidos os legislativos municipais, e a Câmara de Vereadores, voltaria para o Salão Nobre da Prefeitura Municipal. Nesta época a Câmara se dividia em Gabinete da Presidência, Secretaria e sala de estar. As atividades desta segunda casa encerraram-se em 11 de março de 1976.
A terceira casa da Câmara foi instalada no Edifício Ibagé, alegando que os vereadores teriam mais espaço para o seus trabalhos. Assim em fins de 1955 a prefeitura transferiu um quarteirão onde estava o Mercado Público, para que a empresa Cine Hotel Consórcio de Bagé S.A, construísse um conjunto de blocos destinados a um cinema, teatro, hotel, apartamentos, garagens, restaurante para trabalhadores e também um andar para a Câmara de Vereadores de Bagé. Com o andamento da obra, nem todo o cronograma foi cumprido, sendo assim, ficou acertado que a empresa entregaria em vez de um, dois pavimentos de bloco no Edifício Ibagé.
No dia 17 de março de 1976, foram inauguradas as novas instalações da Câmara Municipal que passava a ocupar os 7° e 8° andares do edifício. Era a primeira vez na história republicana que o legislativo ocupava uma sede própria. A Câmara de Vereadores permaneceria neste local até 20 de março de 1984.
Uma nova possibilidade de mudança de casa surgiu, quando o Banrisul anunciou que iria construir um novo prédio e colocaria o seu antigo prédio a venda.
O prédio era considerado ideal, pois se localizada na Av. Sete de Setembro, em um dos locais mais centrais do município, além de oferecer muito mais espaço que o Edifício Ibagé.
No ano de 1982 foi adquirido o prédio e em 1983 começava os trabalhos de adaptação e reforma do imóvel.
Em 30 de março de 1984 o presidente da Câmara Remídio Garcia, juntamente com demais autoridades inaugurava o novo e atual prédio da Câmara de Vereadores de Bagé. O Decreto Legislativo n° 1917 de 25 de novembro de 1983 deu ao edifício atual o nome de Vereador Carlos Mário Mércio Silveira e mais tarde o nome do plenário de Lígia Almeida, primeira mulher vereadora.
No saguão de entrada da Sala de Sessões, num painel de mármore preto existe uma frase quase despercebida pelas marcas do tempo, ela foi redigida pelo historiador Tarcísio Antônio Costa Taborda que diz: “A Câmara Municipal de Bagé, desde 1847 representando o povo desta terra, aqui vai continuar a construir seu futuro”.
Com esses ideais do passado chegamos à conclusão, que é dever dos vereadores colaborar com a construção da história de nossa cidade, e esperamos que o povo ao entrar na Câmara de Vereadores, sinta-se realmente em sua casa.

Publicado no Jornal Folha do Sul de Bagé - RS em 27.01.2017

Fonte:

Taborda, Tarcísio Antônio. Câmara Municipal de Bagé - 140 anos de História, 1987
Taborda, Tarcísio Antônio. Governos e Governantes de Bagé, 1966

 Prédio atual da Câmara de Vereadores de Bagé

Prédio da Prefeitura de Bagé - RS, um dos prédios que também  abrigou a Câmara de Vereadores de 1900 até 1930.

NPHTT parabeniza a Semana Farroupilha

O NPHTT parabeniza todos os gaúchos pela sua data mais importante! Que sigamos valorizando a história e cultura Riograndense!!!


Lenço Farroupilha - Museu Júlio de Castilhos

Palestra - Povoadores do Rio Grande do Sul







Palestra - A Maçonaria em Bagé







segunda-feira, 7 de agosto de 2017

NPHTT participa do 4° Encontro Municipal de História de Bagé

O Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda foi apoiador do 4° Encontro Municipal de História de Bagé, realizado no dia 11 de julho de 2017 no Salão Nobre da Prefeitura. A realização do evento foi da Unipampa, Arquivo Público Municipal, Secretaria de Gestão, Planejamento e Captação de Recursos e Secretaria de Cultura e Turismo. As palestras foram de Gustavo Andrade - Processos Imigratórios, Ivan Pinheiro - A presença do índios na Região da Campanha, Elaine Bastianello - Os italianos em Bagé, André Jobim - O sindicalismo em Bagé, Rafael Rodrigues da Silva - O ensino de música em Bagé e William Rodrigues - As Brizoletas em Bagé. 
Organizadores do evento: Claudio Lemieszek, Alessandro Bica e Diones Franchi.


Equipe Organizadora e apoiadora

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Palestra Bidart - 80 anos de história


NPHTT realiza palestra sobre Ervas Medicinais e Costumes Antigos

A primeira palestra de 2017, promovida pelo "Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda", teve como Palestrante, o Poeta, Escritor, Compositor, Colunista e Radialista, Severino Rudes Moreira. O brilhante e concorrido evento, aconteceu nas dependências do "C.T.G. Prenda Minha" às 19:00h. - Bagé, 31 de Março de 2017.






quarta-feira, 29 de março de 2017

Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda doa livros para Secretaria de Educação de Bagé

No mês passado, o Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda realizou a doação de livros para a Secretaria de Educação. O ato ocorreu na própria secretaria e na ocasião o presidente do Núcleo, Cássio Lopes entregou os livros para a secretaria de educação de Bagé, Adriana Lara.
“Decidimos doar alguns livros do nosso acervo para as escolas de nosso município, com intuito de despertar o interesse dos alunos pela leitura de obras literárias históricas-regionais”. Comentou Cássio.

                            
Secretária de Educação Adriana Lara e o presidente do NPHTT Cássio Lopes 

Livros doados para a SMED pelo NPHTT: Gestão (2016-2018)

• Escritores Bageenses – Élida H. Garcia;
• Bagé Fatos e Personalidades – Mário Lopes;
• Famílias Primeiras De Bagé Fascículo 2 Almeida – Azambuja - Carlos G. Rheingantz;
• Comemoração do Sesquicentenário de nascimento de João Nunes da Silva Tavares (Joca Tavares) – Barão de Itaqui;
• Fontes para a história da revolução de 1893 – Anais do II Segundo Simpósio realizado em Bagé (1990);
• Fontes para a história da revolução de 1893 – Anais do II Segundo Simpósio realizado em Bagé (1993);
• Caderno de Estudos – Reedição 123;
• Lila Ripoll – A estilista do adjetivo na obra poética – Leda T. Ramos Ollé;
• Poesias – Com alma e sentimento de coração – Angelino Varella;
• Getúlio Vargas em Bagé – Discursos;
• Lembranças – Assenato Nunes.

terça-feira, 28 de março de 2017

Primeira reunião do ano

Ontem, 27 de março de 2017, o Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda realizou sua primeira reunião de 2017. Na oportunidade foram debatidos diversos assuntos e definidas várias ações futuras.


Palestra: Ervas Medicinais e Costumes Antigos


sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

São Sebastião de Bagé

Por: Diones Franchi

São Sebastião é o padroeiro de Bagé, mas também é o padroeiro dos militares. Sua história é conhecida somente pelas atas romanas de sua condenação e martírio. Nessas atas de martírio de cristãos, os escribas escreviam dando poucos detalhes sobre o martirizado e muitos detalhes sobre as torturas e sofrimentos causados a eles antes de morrerem. Essas atas eram expostas ao público nas cidades com o fim de desestimular a adesão ao cristianismo. 

O Soldado

Sebastião era um soldado romano que foi martirizado por professar e não renegar a fé em Jesus Cristo. Sebastião nasceu na cidade de Narbona, na França, em 256 d.C. Seu nome é de origem grega, Sebastós, que significa divino, venerável. Ainda pequeno, sua família mudou-se para Milão, na Itália terra de sua mãe, onde ele cresceu e estudou. Sebastião optou por seguir a carreira militar de seu pai. Ele e sua família teriam chegado a Roma através de caravanas de migração lenta pelas costas do mar mediterrâneo. Se alistou no exército romano por volta de 283 d.C. com a única intenção de afirmar o coração dos cristãos, enfraquecido diante das torturas. Era querido dos imperadores Diocleciano e Maximiano, que o queriam sempre próximo, ignorando tratar-se de um cristão.
No exército romano, chegou a ser o Capitão da 1ª da Guarda Pretoriana. Esse cargo só era ocupado por pessoas ilustres, dignas e corretas e de extrema confiança do Imperador. Sebastião era muito dedicado à carreira, tendo o reconhecimento dos amigos e até mesmo do Imperador Romano, Maximiano. Na época, o império romano era governado por Diocleciano, no oriente, e por Maximiano, no ocidente. Maximiano não sabia que Sebastião era cristão. Não sabia também que Sebastião, sem deixar de cumprir seus deveres militares, não participava dos martírios nem das manifestações de idolatria dos romanos. Por isso, São Sebastião é conhecido por ter servido a dois exércitos: o de Roma e o de Cristo. Sempre que conseguia uma oportunidade, visitava os cristãos presos, levava uma ajuda aos que estavam doentes e aos que precisavam.

A morte

Por volta de 286 a sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o imperador a julgá-lo sumariamente como traidor, tendo ordenado a sua execução por meio de flechas que se tornaram símbolo constante de sua imagem. Foi dado como morto e atirado no rio, porém, Sebastião não havia falecido. Encontrado e socorrido por Irene, apresentou-se novamente diante de Diocleciano, que ordenou então que ele fosse espancado até a morte. Seu corpo foi jogado no esgoto público de Roma. Luciana resgatou seu corpo, limpou-o, e sepultou-o nas catacumbas. Segundo seu relato, Sebastião apareceu-lhe em sonho e lhe pediu que seu corpo fosse encontrado e sepultado nas catacumbas onde eram sepultados os cristãos.

O Santo

No século IV, foi construída, em sua homenagem, uma basílica perto do local do sepultamento, junto à Via Appia, e seu culto foi difundido por todo o mundo católico. No ano de 680, suas relíquias foram solenemente transportadas para uma basílica construída pelo Imperador Constantino, onde se encontram até hoje. Por coincidência ou não, nessa mesma época, uma terrível peste assolava Roma, levando à morte muitas pessoas. Essa epidemia simplesmente desapareceu a partir do momento da transladação dos restos mortais desse santo mártir, que passou a ser venerado como o padroeiro contra a peste, a fome e a guerra. Também em Milão na Itália, em 1575, e em Lisboa, em Portugal em 1599, ocorreram pestes epidêmicas que foram exterminadas após atos públicos onde as pessoas suplicavam a intercessão espiritual de santo mártir junto a Deus para que a peste fosse embora.

O Padroeiro de Bagé

Em Bagé em 20 de janeiro de 1813, uma procissão transladou a imagem de São Sebastião da Guarda da Coxilha para o acampamento militar deixado por Dom Digo de Souza, sendo que a igreja foi concluída em 1820.
Inicialmente, a imagem ficou em um rancho e em 1815 iniciou-se a construção de uma igreja em louvor do santo. O Oratório desta Guarda foi construído com paredes de leivas e pedra sendo coberto com capim santa fé, a imagem de São Sebastião talhado em madeira com traços de nativos missioneiros.
Em 10 de dezembro de 1815, encontrava-se em Pelotas, o Bispo do Rio de Janeiro D. José Caetano da Silva Coutinho que autorizou a ereção de uma capela em louvor de São Sebastião, com a sua imagem transferida do oratório da Guarda de São Sebastião e do acampamento fundado por Dom Diogo de Sousa. 
Em 17 de junho de 1818, o Cônego Antônio Vieira da Soledade elevou à condição de Capela Curada, sendo Cura com o Padre Gervásio Antônio Pereira Carneiro, seguido do Padre Joaquim Paulo de Sousa Prates. Concluída em 1820, a antiga igreja era muito simples, resumindo-se a uma capela-mor e tendo como corpo um galpão coberto de palha. A Igreja sofreu vários danos durante a Guerra Cisplatina e a Guerra dos Farrapos, prejudicando suas estruturas. A antiga Igreja passou vários anos em estado precário, até que foi demolida para se iniciar a construção de uma nova. A atual Matriz começou a ser construída em 1862 e foi concluída em 1878. Em 1865, quando já estavam prontos a capela e o altar-mor, com a Igreja já coberta é que começaram os cultos.
A verba para a obra veio do Governo da Província, espetáculos feitos para arrecadar recursos e donativos da população. Uma grande doação (de 12 contos de réis) foi feita pelo Sr. Carlos Silveira Martins (pai de Gaspar Silveira Martins), com a condição de que uma das torres abrigasse o túmulo de sua família. O comerciante espanhol Ramon Galibern trouxe, da Espanha, um relógio de presente para a Matriz, que ficou preso na alfândega de Rio Grande por aproximadamente um ano, e só foi colocado na torre, à esquerda da entrada, em 1873.
A antiga Igreja de São Sebastião foi erguida para abrigar a imagem de São Sebastião, Santo Padroeiro de Bagé. A atual Matriz é obra do arquiteto Pedro Obino, de 1878. Francisco Carlos Martins, pai de Gaspar Silveira Martins, doou uma grande quantia para a construção da nova igreja e, como retribuição, a catedral abriga, na base de sua torre direita, os túmulos de Gaspar Silveira Martins e sua família.
Em 1893, durante a Revolução Federalista, a catedral e a Praça da Matriz foram palco de grandes acontecimentos no episódio que ficou conhecido como Cerco de Bagé, quando forças revolucionárias, pretendendo tomar a cidade, obrigaram os legalistas-republicanos, comandados pelo Coronel Carlos Maria da Silva Telles, a armar a defesa da praça. 
Em 1907, quando o presbítero Costábile Hipólito chegou a Bagé, encontrou a igreja sob os estragos por causa do Cerco de Bagé, onde durante a Revolução Federalista. Sendo assim tratou de realizar sua restauração e conclusão, abrindo as naves laterais e mandando fazer pinturas interiores. Depois outras reformas foram feitas, até que em 1947, os padres capuchinhos assumindo a direção da Paróquia, realizaram novas obras, sendo tapados os furos das balas que a fachada da igreja ostentava. A catedral recebeu nova pintura em 2003, graças ao apoio da comunidade, sendo também um patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).


A procissão


Todo o ano acontece no município à procissão de São Sebastião, sendo sua imagem trazida por cavalarianos da vila de São Sebastião, cerca de 40 km da cidade. 
O santo, que atualmente está abrigado na Catedral de São Sebastião, chegou ao Brasil em 20 de janeiro de 1565. Fez um grande trajeto, cruzando diversos estados, chegando ao sul, no município de São Sebastião do Caí, onde permaneceu por algum tempo. 
Em 1683 que o santo chegou à região da campanha, pelas mãos dos padres jesuítas da Ordem de Jesus, chefiada pelo padre Tadeu Xavier Henis. Com o adensamento da população na região, a vila ganhou a denominação de seu padroeiro São Sebastião. 
Além de Bagé. São Sebastião é padroeiro em várias cidades do Brasil, onde o santo devoto é também o protetor contra a peste, a fome e a guerra.


As festividades


A Igreja Católica o reverencia no dia 20 de janeiro; também nessa mesma data o fazem as comunidades dos cultos religiosos afro-brasileiros em seus terreiros e barracões, tais como a Umbanda e o Candomblé. Na Umbanda, São Sebastião é sincretizado com Oxossi, orixá da caça e que tem como símbolo o arco-e-flecha; no Candomblé é sincretizado com Ogum, orixá da guerra e de personalidade forte e decidida.

 São Sebastião de Bagé

Catedral de Bagé - RS