terça-feira, 24 de maio de 2016

Nossa Senhora Auxiliadora e as velas votivas em Bagé

Por: Diones Franchi

Nossa Senhora Auxiliadora é na igreja católica uma das formas de devoção a Maria, mãe de Jesus. O nome Auxiliadora surgiu da devoção dos cristãos na vitória da armada cristã na Batalha de Lepanto no ano de 1571, comandada por Dom João de Áustria que, invocando o auxílio da Virgem, afastou o perigo momentâneo da Europa. O Papa Pio V conseguiu unir a Espanha com Veneza, sob o comando de João da Áustria para no Estreito de Lepanto, destruir totalmente a força naval da Turquia. Durante a batalha o Papa rezava, com toda a sua corte, o rosário de Nossa Senhora. Em agradecimento, o Papa Pio V incluiu na Ladainha de Nossa Senhora que são as preces e cantos, ao o epíteto de Auxiliadora dos Cristãos.

Nossa Senhora Auxiliadora

No século 18, Napoleão Bonaparte deportou o Papa Pio VII de Roma, que ficou prisioneiro na França entre 1809-1814. O Santo Padre ficou preso por cinco anos, sofrendo toda espécie de humilhações.Tendo experimentado o poderoso auxílio da Mãe de Deus, quando recuperou a liberdade, Pio VII decretou a celebração da festa com o título Auxílio dos Cristãos, no dia 24 de maio do ano litúrgico. 
A festa de Nossa Senhora Auxiliadora foi promulgada pelo Papa Pio VII no ano de 1816, tão logo que foi libertado do cativeiro a ele imposto por Napoleão Bonaparte. 
A origem do nome "Auxiliadora" surgiu dos antigos romanos que chamavam “Auxilia” as tropas aliadas que combatiam com suas legiões. Assim o nome “Auxilia”, evoca lutas em campos de batalha, onde a vida se pode tornar heroísmo em defesa de um ideal.
A Igreja seria uma milícia, e os cristãos lutam pela defesa e pela propagação da fé. Nossa Senhora é o seu auxílio no combate, sendo terrível com um exército em ordem de batalha.
O Papa Pio IX exaltou a figura de Maria quando promulgou o dogma da Imaculada Conceição (Ineffabilis Dei, 1854) com estas palavras: “Maria é fidelíssima auxiliadora e poderosíssima mediadora e reconciliadora de toda terra junto a seu Filho Unigênito”. 
A invocação “Auxílio dos Cristãos” é a forma pública e social da mediação que a Santíssima Virgem exerce não só a favor de pessoas, instituições e países, mas também para o bem de toda a Igreja Católica e do Santo Padre o Papa, principalmente nos momentos mais trágicos da humanidade e nos períodos mais difíceis da Santa Igreja.
Dom Bosco colocou a invocação Auxilio dos Cristãos, sob o titulo de Nossa Senhora Auxiliadora, no centro da espiritualidade de suas congregações recém-fundadas.

 
Procissão de Auxiliadora - Bagé - RS

As velas votivas em Bagé

No Brasil, durante a 2° Guerra Mundial, o exército brasileiro enviou soldados a Europa, entre eles muitos da cidade de Bagé. 
Em 1943 o padre Edgar Aquino Rocha, preocupado com a vida dos soldados, pediu para a população bageense, que escurecesse a cidade e deixasse apenas uma vela na janela, para ter fim os bombardeios, que estavam ocorrendo por conta da 2ª Guerra Mundial. Ele também pedia que Nossa Senhora Auxiliadora, trouxesse os soldados “pracinhas” de Bagé de volta com vida. A atitude do padre deu início a uma tradição que faz votos de paz a toda a humanidade. 
Os anos passaram e as velas continuaram a ser acesas como forma de devoção à Nossa Senhora Auxiliadora. 
Até os dias de hoje, em Bagé - RS, no dia 24 de maio, a procissão continua e as janelas das residências são iluminadas com velas em homenagem à Padroeira, que dá guerra, trouxe o conforto e a paz em seus corações.

Foto: - Prefeitura de Bagé

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Mão Preta (Preto Caxias)

Por: Diones Franchi

Maximiliano Domingos do Espírito Santo, o popular Preto Caxias, conhecido também como Mão Preta foi um filantropo e enfermeiro que se destacou com seu trabalho de caridade na cidade de Bagé e região.
Mão Preta era um homem simples, que nasceu no Rio de Janeiro em 1808 e veio, para Bagé, servir ao exército brasileiro no 8º batalhão de infantaria. Ao sair do exército em 1847 permaneceu na cidade até o final de sua vida, vindo trabalhar na Santa Casa de Caridade de Bagé como enfermeiro. A história conta que o milagreiro era uma pessoa muito benemérita e que viveu seu tempo integral no auxílio de doentes e familiares. 
Preto Caxias trabalhava desde a portaria até os quartos e cuidados com os adoentados. Ele morreu com cerca de 80 anos e, quando esteve doente, foi o único a receber a ilustre visita da Princesa Isabel e um aperto de mão da nobre princesa.,Segundo alguns pesquisadores o aperto de mão poderia poderia ser de seu marido o Conde D'Eu, já que uma princesa não apertaria a mão de um plebeu como reza a tradição monarca. 
Outro fato conta que Mão Preta resolveu ir à Igreja de São Sebastião quando a Princesa Isabel esteve presente. O Pároco Reverendo Bitencourt recebeu a filha do imperador Dom Pedro II na porta da igreja e apresentou Mão Preta dizendo “Este é o Preto Caxias alma mais caridosa da região”. 
O tratamento recebido, pela princesa e também por toda nobreza, simbolizou a igualdade racial. Considerado na época uma situação incomum, em período de escravidão, onde todos eram muito cheios de preconceitos. 
A provável visita da princesa em seu leito no hospital da Santa Casa de Caridade de Bagé, também quando doente e o famoso aperto de mão, seria uma informação para simbolizar e mortalizar o fim das diferenças, fato que teria sido destaque nacional nos jornais da época. Mão Preta está sepultado em ala nobre do Cemitério da Santa Casa de Caridade de Bagé, próximo ao túmulo do General Antônio de Souza Neto. O túmulo do Mão Preta fica na parte principal da entrada do cemitério e é muito visitado pela comunidade que acredita em seus milagres. Pela benemerência e o auxílio à comunidade, acabou se tornando santificado. O nome Preto Caxias, se deve a ele ter acreditado nos ideais do Barão de Caxias, mas com o tempo o nome que predominou foi o nome de Mão Preta.
Até os dias de hoje muitas pessoas o veneram e seu túmulo é muito visitado, lhe atribuindo muitas graças.
Maximiliano faleceu em 1º de julho de 1888, o mesmo ano da abolição da escravidão no Brasil.

Mausoléu de Preto Caxias e o aperto de mão com a Princesa Isabel

Quem foi Adão Latorre?

Por: Cássio Lopes

Oriundo do Uruguai fixou residência no interior de Bagé. Adão Latorre sobre o qual pesam as acusações de haver degolado no dia 28 de novembro de 1893 em torno de 300 prisioneiros no combate do Rio Negro,(nos campos do atual município de Hulha Negra); segundo testemunhas oculares do acontecimento, foram degolados realmente e no máximo, 34 pessoas já que, após o combate e antes da degola, foram contados 270 mortos espalhados no campo da batalha.
Na importante obra “Alma, Sangue e Terra” de Cândido Pires de Oliveira, encontramos às páginas 189 e 190, uma nota sobre Latorre cujo conteúdo é uma transcrição de um depoimento do próprio Adão feito ao Sr. João Cavalheiro durante a revolução de 1923 com o seguinte teor:
Depois de haver participado da Guerra do Paraguai ao lado de Joca Tavares, ao eclodir a revolução de 1893, novamente, ingressou nas forças daquele general. Ao partir para a revolução, deixou em sua residência, como guardião de sua esposa e filhos, o seu pai, já com avançada idade. Passando por aquele local um contingente castilhista, seus componentes assassinaram cruelmente o seu pai, conduziram ao acampamento a esposa e filhas que indefesas, foram submetidas a estúpidas sevícias. Por ocasião do combate do Rio Negro, Adão Latorre logrou aprisionar os responsáveis por aqueles crimes horrendos contra a sua família. Valendo-se de testemunhas, que identificaram um por um dos assassinos, os abateu degolados. Entre os executados estava o Coronel Legalista Manoel Pedroso.
No livro nº 4 dos Contratos Diversos do 8º Distrito, encontramos registrado no dia 27 de setembro de 1922 o Testamento do Lendário Cel. Adão Latorre que possui o seguinte teor: “Adão Latorre, solteiro, uruguaio, com 83 anos de idade, domiciliado no 1º Distrito a quem conhecemos e atestamos a sua perfeita sanidade, declara em seu testamento sua última vontade pela maneira seguinte: Que não tendo herdeiros necessários, descendentes ou ascendentes, embora reconhecendo verdadeiros e naturais os seus dois filhos havidos com Maria Francisca Nunes, brasileira, solteira já falecida, João Latorre com 52 anos de idade e Nicamoza Latorre com 42 anos, solteiros, uruguaios, residentes no município, deixa oito braças de sesmaria e a casa para Josefina Machado companheira com que reside, cuja área tem limites com a propriedade de Gaudêncio Furtado de Souza e a estrada real de Bagé ao Camaquã e nomeia como testados  Gaudêncio Furtado de Souza e substituto Vergílio Alfredo de Almeida. Testemunhas: Plínio Azevedo (funcionário público), José Otávio de Lima (comerciante), Miguel Ravizo (comerciante), Anaurelino Francisco Ferreira (funcionário público) e Jônatas José de Carvalho (proprietário). Escrivão ao Sr. José Maria Lopes”.
Adão Latorre morreu fuzilado no dia 15 de maio de 1823, no combate do Santa Maria Chica (Passo da Ferraria) município de Dom Pedrito, após sofrer emboscada dos capangas do Major  Antero Pedroso. (Irmão do Coronel Manoel Pedroso)
 Pedro Antônio de Souza Neto (tio Pedro), ferreiro do antigo 12º RC, hoje 3º Batalhão Logístico (Batalhão Presidente Médici), foi quem no ano de 1923, com a patente de 3º sargento do Exército, foi designado a integrar um pelotão para fazerem o translado do corpo de Adão Latorre do Passo da Maria Chica para Bagé, onde foi sepultado no cemitério dos anjos.
Adão deixou 13 filhos dos quais 9 eram Uruguaios e dois deles possuíam o nome de João.
Também lutaram na Revolução de 1893, vários uruguaios, defendendo a causa Maragata, destacando o General Aparicio Saraiva e sua força, que era composta por vários de seus compatriotas. 

Coronel Adão Latorre ao centro e seus ajudantes de ordem

O Antigo Mercado Público e Extinto Posto de Gasolina de Bagé

Por: Cid Marinho

A presente foto, até então desconhecida da "Rua General Sampaio", Centro da cidade de Bagé, foi produzida em 1951 (Do alto do Ed. Salim Kalil). Na época ainda existia o antigo "Posto de Gasolina" construído em 1939 e demolido em 1973, para dar lugar ao atual e polêmico "Calçadão". À esquerda aparece parte da lateral do extinto "Mercado Público" construído em 1886, e demolido em 1954. Era um dos mais bonitos "Mercados" do interior do Estado, com a sua derrubada perdeu-se uma das principais referências da história e memória de nossa cidade.

Antiga foto da Rua General Sampaio

Bagé Bicentenária - "A principal Avenida da Cidade"

Por: Cid Marinho

A antiga cidade ia por assim dizer, da "Igreja de São Sebastião" até o "Cemitério" atual. As ruas eram estreitas, sem iluminação, e sem calçamento. Foi o Marechal Hermes Ernesto da Fonseca, quando Capitão, que em 1855, mandou traçar as novas e largas avenidas, em direção ao Norte da Cidade. Em 17 de Outubro de 1860, com a aprovação da "Presidência da Província", a Câmara Municipal resolveu substituir o nome da rua principal, que antes era chamada de "Rua do Portão", para "Avenida 7 de Setembro".
Esta avenida, foi a primeira a receber o calçamento de pedras, e também a primeira a ter iluminação elétrica, em 1899. Nela foram instalados a primeira sede do antigo "Banco da Província do Rio Grande do Sul", e o primeiro "Cinema" da Cidade, em 1914. Até os dias atuais, a "Avenida 7", continua sendo a com maior número de "Prédios, Lojas, Bancos, Clubes, e Hotéis". Em contra partida, tem sido a Avenida mais agitada/congestionada de pedestres e motoristas, durante o horário comercial.
Na imagem antiga, cabe informar que no prédio bem à direita, aparece a extinta sede do antigo "Banco da Provincia do R.G.S.", inaugurado em 1914. E na imagem atual (que foi produzida no mesmo ângulo de vista que a antíga), existe hoje, o imponente prédio construído em 1928, onde também funcionou o antigo "Banco da Provincia", depois passou a funcionar nele o "Banco Meridional", e atualmente está funcionando o "Banco Santander".

Avenida 7 de Setembro ontem e hoje

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Convite de lançamento do livro "A Memória Retida na Pedra"

Convite do Lançamento do livro "A Memória Retida na Pedra", de autoria da escritora e historiadora Elaine Bastianello integrante do NPHTT,que ocorrerá no dia 19 de maio, as 18:30h, no Museu Dom Diogo de Souza em Bagé - RS.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda completa 22 anos

O núcleo de Pesquisa Históricas Tarcísio Taborda completou no dia 4 de maio de 2016, 22 anos, com uma história repleta de divulgação e pesquisa da história do município de Bagé-RS. O Núcleo é uma instituição pública constituída em 4 de maio de 1995, idealizada por um grupo de pessoas ligadas ao estudo da história. Destina-se a desenvolver, pesquisar, identificar, divulgar, defender, documentar, estudar e preservar o patrimônio histórico e cultural de Bagé. O grupo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda terá novidades em breve com a apresentação da nova diretoria para o biênio (2016-2018).

Lançado o livro "Bagé de Ontem e hoje" de Tarcísio Taborda

Foi lançado no dia 30 de novembro de 2015 no saguão principal da Universidade da Região da Campanha - Urcamp, o livro "Bagé de ontem e de hoje" de autoria do historiador Tarcísio Taborda.
A obra reúne 270 artigos publicados pelo historiador, nos jornais bageenses e do estado entre os anos de 1939 a 1994. A publicação é do Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda, que tem como editora a Ediurcamp. A organização do livro é da pesquisadora e sócia fundadora do Núcleo, Elida Hernandes Garcia. 
A pesquisadora levou 6 anos para concluir a obra que conta com 630 páginas.
Élida destaca que a obra é histórica e deve ser utilizada para pesquisa de alunos e amantes da história, onde o leitor conhecerá a origem do município, desde a sua fundação, conhecendo personagens e vivenciando acontecimentos importantes para Bagé e região. Confira essa obra do maior historiador que Bagé já teve!


Livro: 
Bagé de ontem e de hoje: coletânea de artigos publicados na imprensa (1939 - 1994)
Editora Ediurcamp - 2015

Bagé - Fatos e Personalidades

O livro “Bagé – Fatos e Personalidades”, lançado em abril de 2007, impresso pela Evangraf de Porto Alegre mas atribuído à Editora Praça da Matriz, é um dos vários projetos de cunho histórico e cultural viabilizados pelo Núcleo de Pesquisas Tarcísio Taborda. De autoria do jornalista Mario Lopes descreve em 136 páginas,fatos históricos da cidade de Bagé, em linguagem simples e objetiva. Na área de imprensa, o jornalista enumera órgãos que Bagé já sediou e uma linha do tempo dos veículos até a fundação do Jornal Minuano.

Contracapa do Livro Bagé - Fatos e Personalidades 

"Mário Nogueira Lopes havia se encastelado na modéstia, e com usura conservava para projetos futuros - que sempre demoravam - a riqueza de sua memória e as preciosas informações que recolhera na faina jornalística, agora felizmente eternizada nesta obra, sinal de que seu baú ainda guarda muitas outras jóias, que também se pretende expropriar, em breve publicação".

José Carlos Teixeira Giorgis