Por: Tarcísio Taborda
Logo
nos primeiros meses de circulação manteve o Correio do Sul uma secção
denominada “Petit Cinema”, a cargo de Eclair, que fazia “charges” poéticas das
figuras locais. Na edição de 18 de novembro de 1914, a “charge” XXXII retratava
o velho historiador de Bagé, nos seguintes versos:
“Alferes
honorário, por um lado,
Major,
por outro lado, da briosa.
É
velho e de moreno carregado.
Nossas
datas comenta em boa prosa.
Da
intendência, caríssimo leitor,
Ele
é funcionário inteligente,
Tem
uma veia de historiador,
Usa
um PORRETE de assustar a gente”.
Jorge
Reis nasceu em Bagé, no dia 26 de junho de 1853, sendo filho do português
Francisco José da Silva Reis e de Aurora Gonçalves Reis.
Inteligente,
inquieto, cedo matriculou-se na aula do sexo masculino do Mestre Porto, o mais
famoso e dedicado professor do seu tempo. Aí esteve durante seis anos e aí foi
submetido a exame por D. Pedro II. O nosso imperador visitava Bagé em outubro
de 1865 e, como de hábito, dedicava a maior parte do tempo a inspecionar as
escolas e conversar com professores e alunos. O Conde d`Eu em seu diário de
viagem comenta essa visita e o próprio Jorge Reis, em seu livro “Homens do
Passado”, fala do episódio.
A
vibração cívica daqueles dias, em que o Brasil estava em guerra contra o
Paraguai, tirou Jorge Reis da escola para sentar praça no 5° Regimento de
Cavalaria, onde logo atingiu a graduação de Alferes.
Dedicou-se
ao jornalismo e à advocacia, foi político liberal e escreveu duas obras
fundamentais para a história de Bagé.
Como
jornalista, fundou o “Cruzeiro do Sul”, folha imparcial, consagrada a defesa
dos interesses locais, além de ter sido redator da “União Liberal”, de
propriedade de Silveira Martins.
Como
advogado, teve ativa vida forense, e exerceu as funções de procurador do
Município e de auxiliar do Procurador Geral da República, além de ter exercido
a promotoria pública, como substituto.
Como
político, foi ativo pregador das ideias liberais, propugnou e fez campanha pela
abolição da escravatura e integrou-se entre os propagandistas da república, tendo
participado do Congresso Republicano de 1883.
Exerceu
as funções de Secretário da Câmara de Vereadores.
Quando
da Revolução Federalista de 1893, esteve no Cerco de Bagé, e por sua dedicação
em defesa da legalidade, recebeu do Marechal Floriano Peixoto, Presidente da
República, a Patente de Major Honorário do Exército Brasileiro.
Destacada
figura de nosso meio social, integrou diretorias de muitas instituições sociais
e beneficentes.
Foi
Diretor da Instrução Pública, Delegado de Polícia e, sobretudo, o historiador
de Bagé.
Pela
imprensa divulgava fatos de nosso passado e em seus dois livros “Apontamentos
Históricos e Estatísticos de Bagé” e “Homens do Passado”, imortalizou a vida de
nossa cidade.
Foi
um grande servidor de nossa terra, foi um grande pregador de ideias liberais,
foi a melhor testemunha de nosso passado.
Jorge
Reis faleceu em Bagé, aos 71 anos de idade, no dia 16 de abril de 1924.
Artigo
publicado no Correio do Sul em 4 de setembro de 1983.
Nenhum comentário:
Postar um comentário