quarta-feira, 24 de março de 2010

Attila Siqueira



*Mário Nogueira Lopes.

O engenheiro-agrônomo Attila Jesus Sá Siqueira nasceu em Bagé, em 1922. Era filho de D. Célia Sá Siqueira e do engenheiro-civil Antônio Siqueira, que, por longos anos, prestou inestimáveis serviços à Prefeitura Municipal de Bagé. Ele e seus irmãos foram criados e estudaram em Porto Alegre, mantendo sempre contato com a terra natal.
Attila formou-se em 1946, na Escola de Agronomia e Veterinária de Porto Alegre, transformada depois em Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ingressando no ano seguinte na Secretaria da Agricultura do Estado, no Serviço de Ovinotecnia.
Depois de rápido estágio na capital, veio para Bagé, para trabalhar na Associação Riograndense de Criadores de Ovinos (Arco) em convênio que durou seis anos e meio, atendendo o setor de seleção de ovinos.
A seguir, seus serviços foram requisitados por Floriano Bittemcourt, proprietário da Cabanha A Tala, onde por 16 anos desempenhou as funções de diretor-técnico, além de ter sido responsável pela organização total do estabelecimento localizado em Dom Pedrito e que se dedicava a criação de gado Hereford e ovinos Romney-Marsh e Corriedala.
Deixando a iniciativa privada, foi convidado a ingressar no Conselho de Desenvolvimento da Pecuária de Corte (Condepe), um órgão de projetos agropecuários criado em 1968, pelo governo Federal, financiado pelo Banco Internacional de Desenvolvimento (Bird).
Com a extinção do órgão, em 1976, os técnicos, em sua maioria, foram designados para a Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural (Ascar), depois Emater.
Além destas atividades, foi pecuarista, tendo arrendado um campo com um amigo. Foi ainda cabanheiro, por seis anos, de Pardo Santayana.
Profissional de renome, Attila Sá Siqueira era constantemente convidado para servir de jurado em exposições não só no Estado como também no exterior.
Ele foi jurado em Bagé, Esteio e em Montevidéu, entre outras. Era especializado nas raças Polled-Hereford, Romney-Marsh e Corriedale.
Muitas foram as entidades e instituições que contaram com os serviços do competente e conceituado técnico, como a Associação de Engenheiros-Agrônomos de Bagé, da qual foi presidente, Associação Rural de Bagé, Associação Brasileira de Criadores de Ovinos, (Arco), Associação Brasileira de Criadores de Hereford e Polled-Hereford. Foi professor da Faculdade de Agronomia e Veterinária, da Universidade da Região da Campanha (Urcamp).
Intensas também suas atividades culturais, como membro do Cultura Sul, conselheiro da Diretoria de Cultura, da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, e do Núcleo de Pesquisas Histórias Tarcisio Taborda.

Meio Ambiente

A preservação do meio-ambiente foi sempre uma grande preocupação de Attila Siqueira, em especial a poluição de Candiota.
Ele foi um dos primeiros a se manifestar contra o que chamava de “degradação ambiental” naquela localidade.
Para ele seria muito mais saudável importar petróleo para a produção de energia do que a exploração de carvão de Candiota, considerado de baixa qualidade.
Costumava também alertar para a poluição causada pelos defensivos agrícolas e a carrapaticida usada no banho do gado.

O desenhista

Além de competente e conceituado profissional, Attila se destacou como desenhista de indiscutíveis méritos, especialmente retratando temas gaúchos, que conhecia como poucos.
Desde muito cedo, ainda criança, ele começou a desenhar.
Nunca pensou, no entanto, se dedicar inteiramente a esta arte.
Dizia-se autodidata, não tendo frequentado, como poderia, uma escola em Porto Alegre, sua preocupação maior era a profissão, pois o desenho para ele era apenas um lazer, tanto que vendeu apenas poucos trabalhos.
Seus desenhos, que elaborava com incrível rapidez, eram muito procurados e estão, inclusive no exterior, em casas de amigos ou de pessoas que gostam de temas gaúchos ou até mesmo em paredes, como no Centro Administrativo de Bagé, entre outros, feitos com lápis de cera, material que deixou de usar, utilizando-se ultimamente do pincel atômico. Trabalhou também com nanquim e lápis e caneta néon-pen .
As cenas gaúchas eram sua preferência nos desenhos, o uso, o costume, a vestimenta do homem do campo e ele dizia que seu gosto pelas coisas do Rio Grande do Sul surgiu porque sempre teve contato com o campo na estância de seus avós maternos, onde passava as férias.
Manifestava sempre sua satisfação e alegria por ter uma filha que desenhava muito bem, assim como por seus seis netos também desenharem.

O tradicionalista

Estudioso, profundo conhecedor da história do Rio Grande do Sul, tradicionalista admirado em todo o Estado, Attila Sá Siqueira era constantemente convidado para proferir palestras, o que fazia com o maior brilhantismo.
Era um intransigente defensor dos verdadeiros hábitos e costumes do homem do campo.
Sua presença em eventos nativistas, era sempre uma atração a parte, pois todos queriam usufruir de seus conhecimentos.
Ele recordava que “o embrião do Centro de Tradições Gaúchas 35” de Porto Alegre, o primeiro do Estado, foi no pátio da residência de seus pais. Estudantes, principalmente da fronteira, costumavam se reunir, para churrasco com violão, na casa de um dos integrantes, foi quando surgiu Paixão Cortes que se integrou ao grupo e a ideia da fundação do CTG.

Seu falecimento

Attila Sá Siqueira faleceu de parada cardíaca, aos 85 anos de idade, em 11 de maio de 2007, no Instituto do Coração, em Porto Alegre, onde fora para realizar exames médicos.
Era casado com D. Beatriz Siqueira e deixou os filhos Fany Beatriz, Maria Cristina e Ricardo.
Foi sepultado no cemitério da Santa Casa de Bagé.
O prefeito municipal Luiz Fernando Mainardi decretou luto oficial por três dias, considerando sua contribuição para o desenvolvimento do município, “além de ter perpetuado em seus desenhos a história do homem do campo”.
Também, a Associação dos Amigos do Parque do Gaúcho, do qual Atila era sócio fundador, reverenciou a sua memória.

* Mário Nogueira Lopes (Bagé, 28 outubro 1922) - Jornalista, Pesquisador da área histórica e Cultura. Trabalhou e dirigiu durante anos o extinto jornal Correio do Sul, esta última função exercendo por 20 anos. Foi comentarista da "Voz do Povo", na Rádio Cultura ingressou como narrador e, ainda jovem, sempre dinâmico e criativo, editou o semanário "Folha Esportiva", a revista "O Guarany" e a "Revista Esportiva". Na Rádio Difusora, criou o radioteatro e o radiojornalismo. Seu nome foi conferido ao Troféu Imprensa, iniciativa do SINDILOJAS - Bagé, que instituiu o Troféu Mário Lopes, conferido anualmente a destacadas personalidades de nossa cidade. Foi Diretor de Comunicação é membro fundador do Núcleo de Pesquisas Tarcísio Taborda.

4 comentários:

  1. Heloisa
    este blog é história. História de nossa gente. História de nossa Bagé. Esta terra é berço de grandes "talentos".
    Manoel

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Rastreando alguns blogs desta cidade, descobri a memória vida de Mário Lopes, jornalista e pesquisador na área histórica e cultura, o qual guarda uma entrevista concedida por telefone pelo ex presidente Medici, antes deste seguir para Brasília.
    Procuro o contato com o Mário Lopes para acessar tal material, entre outros, para uma pesquisa audiovisual.
    Gostaria que a cópia desta mensagem chegasse ao Mário Lopes.

    Atenciosamente,

    André Santos
    e-mail: andresantosc@yahoo.com.br

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  4. Uma perda irreparável para os familiares e amigos, e também a cultura gaúcha, sabia muito de nossa cultura. Muita luz e paz

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